domingo, 9 de janeiro de 2011

Tô sozinho, então vou conversar com o blog mesmo

Cheguei a Zurique 20:30h ontem. Peguei o trem rapidinho até o centro da cidade, peguei a chave do apartamento onde ia ficar, e vim ao apartamento procurando por um lugar pra comer. Tudo fechado, e frio demais pra procurar direito.

O apartamento é no último andar, e o prédio só tem escada. Mala-acima, e descobri que estou sozinho por uns dias aqui. O apartamento é super espaçoso e tem de tudo, menos comida. Fui nas Gelbe Seiten achar um restaurante pra pedir e achei alguns, mas a maioria tinha um pedido mínimo de 40CHF. Então fui nas internets e achei o eat.ch, pedi uma pizza que ia demorar meia hora pra chegar.

Uma hora e meia depois desisti da pizza, fui dormir morrendo de fome e com um pouco de frio (eu não sabia brincar com esses aquecedores, mas agora acho que sei). Me arrumei e fui procurar um mercado pra comprar umas coisinhas pra ter em casa. Achei dois mercados bem na porta de casa, mas os dois fechados. Então decidir ir comer e passear.

Passei em frente à estação de trem por onde cheguei ontem e vi um McDonald's lá. Foi tentador mas resisti. Continuei andando até a área mais turística, perto da Quaibrücke, que é onde o rio Limmat desemboca no lago Zürich.

Almocei em um restaurante italiano que só tinha garçons portugueses, mas só descobri que os garçons eram portugueses depois de ficar pulando entre italiano, inglês e alemão com eles.

- Bonjorno!
- Guten Tag!
- Tisch für zwei?, perguntou o recepcionista pro outro cara que entrou comigo por coincidência
- No, I'm alone, respondeu o outro cara
- Per mangiare? Zum essen?, perguntou o recepcionista pra mim
- Yes, respondei eu em inglês, sei-lá-porque

Enquanto comia vi os garçons conversando em português, então quando vieram me tirar o prato perguntaram "Buono? Hat es ihnen gefallen?" e respondi "Sim, ótimo"; "Português?"; "Brasileiro"; "Tudo bem?"; "Tudo bem! A conta?"; "Já lhe trago!"

Andei bastante o resto do dia e fui me empacotando aos poucos. Já saí de casa de manhã com segunda-pele no corpo todo, uma blusa leve e um casaco. Durante o dia tive que vestir cachecol, luva, e gorro. Quando anoiteceu (às 4 da tarde) começava a chuviscar e meu humor ficou bem miserável.

Voltei pra região do apartamento e comecei a procurar por um mercado ou uma lanchonete ou uma padaria pra comprar alguma coisa pra comer de noite. Me perdi e só me achei de novo bem longe de onde queria estar. Mas achei uma lanchonete e comprei um sanduíche pra comer mais tarde (que devoro agora enquanto escrevo, que delícia).

Viajei sem câmera porque a Tays vai trazê-la no próximo fim da semana, mas quando estava andando de manhã e há 17 horas sem comer, a primeira vista que tive do lago me fez parar e sacar o telefone do bolso pra tirar uma foto ruim, mas sentimental.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Contagem regressiva

Sábado, cozinhamos feijão pela primeira vez em 3 anos de casamento. Enquanto eu refogava o feijão cozido que íamos comer no almoço, a Tays colocou o resto em potinhos pra congelar.

- Que bom, deu quatro potinhos!

POFT

- Três...

domingo, 22 de agosto de 2010

O lado B sempre é mais interessante

Recorte de jornal em um museu:



...visto por outro ângulo:

sábado, 21 de agosto de 2010

Foxy Lady

To the managers of Hotel Altes Forsthaus,

[a couple of paragraphs of complaints ommitted]

We enjoyed our stay here, though the most diligent employee seemed to be the fox at the main entrance.

Regards,
Eduardo Cordeiro.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Em que Eduardo descobre que sociedade é o que há

No último feriado meu pai, Tays e eu estávamos na Cachoeira da Farofa, na Serra do Cipó. O caminho pra lá passa por uma trilha fácil de 8km que cruza alguns riachos, e o fizemos a pé - a outra opção é alugar bicicletas ou cavalos. O acesso ao poço da cachoeira em si é um pouco difícil por ser feito entre pedras inclinadas.

Tays curtindo a cachoeira


Tays e eu saíamos do poço quando ela escorregou e ficou parada, com expressão de dor e susto. Uma pedra afiada tinha decorado a lateral do seu pé com um furo profundo de 5cm de largura. Depois de deitá-la fora d'água pra tirar seu peso do pé furado e cair eu mesmo algumas vezes, saí procurando por um médico ou enfermeiro em volta da cachoeira, mas não achei nenhum.

Caminho hostil pra quem tem um pé inválido

Fizemos um curativo improvisado no dodói, quebrei um galho pra servi-la de cajado (desculpa, árvore) e saímos lentamente da cachoeira em direção à trilha. O plano era voltar ao ponto onde eu sabia que havia sinal para o celular, de onde ligaríamos para a sede do parque para pedir "resgate". Nesse processo recebemos um cavalo emprestado, e voltamos cerca de 3km com a Tays montada até encontrar a caminhonete do Ibama que nos levaria de volta à entrada do parque.

Embora em retrospectiva o episódio todo tenha sido extremamente bobo, percebi com ele que timidez é, sim, uma doença. Como tímido, desenvolvi resistência a desconhecidos. Interagir com pessoas fora do meu círculo é algo que eu evito rotineiramente. Fujo declaradamente de festas e grandes eventos. Me acostumei a não confiar e não procurar ajuda de desconhecidos.






Pezinho fofo
+
Pedra afiada
=
Operação Resgate


O mundo é feito de pessoas. Meu pai colocou o pé da Tays na água gelada pra sangrar menos enquanto um desconhecido me ajudava a procurar por um médico. Uma desconhecida emprestou o cavalo pra voltarmos até a sede do parque, se voluntariando conscientemente a andar os 8km que tentara evitar com o aluguel do cavalo. Outra desconhecida trouxe o recado da que emprestava o cavalo. Outros dois vieram numa caminhonete resgatar os bundões que não conseguem ficar intactos num passeio de fim de semana; um deles seguiu até a cachoeira pra devolver o cavalo. O segundo, enquanto nos levava até a sede, nos recomendou a um terceiro que poderia avaliar o estrago. O tal terceiro nos garantiu que o corte era leve, mas precisaria de pontos. Um mendigo que passava por lá melhorou o humor: "Eu garanto que cê não morre!"

A outra epifania que acompanha a nova cicatriz da Tays é que quem se mete a fazer aventuras no mato deveria ser capaz de prover primeiros socorros.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Asas da imaginação

Em Ímola em 1994, um dia antes do Senna morrer, a asa dianteira do MTV Simtek de Roland Ratzenberger se soltou numa reta, causando uma batida de frente a mais de 300km/h que matou o piloto. Esse vídeo é uma gravação da transmissão da EuroSport do dia - em 1:41 há um ângulo em câmera lenta que mostra a asa voando longe.

Ontem, em Jerez de la Frontera, nos testes pré-temporada da Fórmula 1, a asa do Virgin Racing de Timo Glock se desintegrou, felizmente a uma velocidade bem menor, interrompendo os testes da equipe - que, como boa novata, não tinha uma asa sobressalente pra trocar.

A ironia? Os dois carros foram desenhados pela mesma pessoa, Nick Wirth, para uma equipe em seu ano de estreia, patrocinada por uma empresa do ramo de música/entretenimento. Eu não sou supersticioso, tá?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Carros são caros porque...

...nós estamos dispostos a pagar. Tays sempre me diz que um pedaço do meu genoma é dedicado a carros. Eu estou sempre olhando pra eles, dirigindo, lendo, tirando fotos, assistindo a corridas. Uma coisa que me intriga no Brasil é que os carros aqui são absurdamente caros, e as pessoas parecem comprar as piores opções pelos motivos totalmente errados.

Não entendo nada de produção e tributação em indústrias, então vou correr um risco enorme de estar errado na Internet e fazer um exercício: pense num carro bem sucedido em vendas no Brasil, que também existe nos EUA: pense no Honda Fit. Ótimo carro, certo? Super bonitinho, interior bacana. Todo mundo adora. Quanto ele custa?

Pra não dizerem que estou pegando no pé do Fit, segundo a conta que eu faço abaixo o meu carro, o Ford Focus, é uma escolha pior, embora ele seja mais barato.

Nos Estados Unidos, um Honda Fit custa pouco menos de $15.000,00. A versão mais barata dele tem air bags duplos frontais e laterais, freios ABS, um motor de 117 cavalos e mais uma porção de outras coisas. Quando você chega à loja tem que pagar aquele imposto na hora da compra que não chega a 10%, mas vamos lá: acho que você consegue comprar um Fit nos EUA por US$16.500,00, ou menos de R$29.000,00 com o dólar a R$1,75. Ah, e mais um detalhe: esse carro não é produzido nos EUA, ele é importado do Japão lá.

E no Brasil? O site da Honda no Brasil (PQP, que ideia horrorosa é essa de fazer o visitante montar um vídeo com sete trailers pra conseguir entrar num site???) mostra que a configuração mais barata do Fit no Brasil tem 100 cavalos, air bags frontais, e não é possível tê-lo com freios ABS, nem como opcional. Você tem que comprar outra versão se quiser isso, sinto muito. O preço? No sudeste, R$52.960,00. Sou preguiçoso e vou confiar em uma notícia que li um tempo atrás, que dizia que impostos no Brasil somam 40% do valor do carro: o valor de verdade do carro é de menos de R$32.000,00, ou US$18.285,00.

Ou seja, nós pagamos mais de 20% a mais no Brasil por um carro pior, e ainda assim vejo conhecido atrás de conhecido feliz da vida por ter comprado um excelente carro por um preço "razoável".

Nesse ponto eu já estou escrevendo só pra mim mesmo porque já magoei todos os meus amigos donos de Fit, então vou ser mais reclamão: que diabo de idéia é essa de fazer agora carros populares com câmbio automático? Porque é que câmbio automático é mais importante do que air bags laterais, e até frontais, e freios ABS? Hoje em dia é possível comprar um VW Gol com câmbio semi-automático estilo F1, com borboletas atrás do volante, sem ABS ou air bags.

Eu acho que a maioria de nós não compra carros como meio de transporte, e sim como regalias, itens de luxo e ostentação - e pra uma regalia, quanto mais enfeite, melhor. E é por isso que as montadoras conseguem empurrar no mercado combinações absurdas de especificações a preços altos, e ainda vender bem.