quarta-feira, 9 de julho de 2008

Chegando a Bangalore...

Hoje foi o primeiro dos oito dias que passarei com um colega visitando a trabalho Bangalore, na Índia. A viagem foi brutal: 1 hora de vôo de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro; 4 horas de espera no aeroporto; 10 horas de vôo de Rio de Janeiro a Paris; 2 horas de espera no aeroporto; 9 horas de vôo a Bangalore; 40 minutos de espera pela bagagem na esteira; 40 minutos de táxi até o hotel. Além da duração dos vôos, o horário de cada um é bastante incoveniente.

De Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, viajei com um grupo de adolescentes que aparentemente faziam parte de um programa de intercâmbio. Na hora eles incomodaram bastante, mas o resto da viagem foi tão longo que na primeira passada que dei neste parágrafo, tinha me esquecido completamente deles. Bom, pra não deixar de criticar companhias aéreas, o itinerário que recebi da empresa dizia que no vôo seria servido café da manhã ou brunch, e foi servido um pacote de 50g de amendoim, que não consegui terminar de comer porque precisavam iniciar os preparativos pro pouso - não sei porque insistem em servir comida em vôos tão curtos.

Esperando no Rio de Janeiro, fui ao posto da alfândega declarar minha câmera fotográfica, almocei e fiquei brincando na Internet enquanto esperava a chamada pelo embarque. Menino que sou, fiquei super empolgado ao ver que voaria pela primeira vez em um Boeing 747-400. Até me sentar e tentar esticar as pernas. Achei a Air France impressionante. Pontual, com um serviço muito bom, comissários muito simpáticos e prestativos, comida muito boa - de verdade.

O aeroporto Charles de Gaulle é uma recepção muito acolhedora em Paris. O aeroporto é muito bonito, bastante colorido e alegre. Vi várias lebres na grama enquanto o avião manobrava, e não esperava nada por isso - a surpresa foi boa. Ou eu estava empolgado o suficiente pra imaginar tudo isso.

Sentando no avião pra última perna da viagem, a sensação de "ainda faltam dez horas de viagem" era horrível. Esse avião era mais espaçoso e tinha uma tela para cada passageiro. O vôo durou um dia inteiro, se o fuso-horário for considerado (ou desconsiderado, dependendo do que você considera ser a consideração de um fuso-horário; explicar passeios entre fuso-horários é muito complexo). Saímos de Paris de manhã e chegamos no fim da noite a Bangalore. O problema é que, depois de 25 horas de viagem, não importa se você ainda tem 400 páginas de um livro super legal pra ler, ou 5 filmes pra assistir, ou 3 CDs novinhos em folha pra ouvir. Depois de 25 horas de viagem, você só consegue ficar contando o tempo. A comida, de novo, foi muito boa - o cardápio dava a escolha de uma refeição francesa ou indiana. Escolhi a francesa e não me arrependi, mas recebi o cheirinho de curry do passageiro do lado de bom grado.

Antes da viagem, pesquisando um pouco sobre Bangalore, tinha descoberto que o aeroporto onde pousaria é bastante recente. Não tinha descoberto que ele fica bem longe da cidade. A minha mala demorou bastante pra aparecer na esteira. Os oficiais da imigração só querem que você passe logo. Os da alfândega só querem pegar o papelzinho.

Saímos da área de desembarque conversando:
- É só encontrar o taxista com uma plaquinha com nosso nome.
- Ok.

Precisamos dar uma caminhada e meia em uma fila de 10 metros de taxistas segurando plaquinhas com nomes pra encontrar o nosso. Táxi é um meio de transporte bem comum na Índia, tão comum que empresas pagam taxistas para levarem seus funcionários diariamente no trajeto de casa para o trabalho e de volta. Só depois que sentei no carro é que me dei conta de que aqui se dirige "do lado errado da rua". No caminho já deu pra ter uma idéia de que a buzina é o instrumento mais importante de um carro aqui. Chegou na esquina? Vai trocar de faixa? Ultrapassar? Buzina!

sábado, 14 de junho de 2008

Fantasmas

O problema de se virar adulto na mesma cidade em que se cresceu é que a adolescência volta pra te assombrar.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Carta ao hotel Ouro Minas

Respondendo a um agradável e-mail da concierge do hotel Ouro Minas após uma diária ainda mais agradável em seu hotel.

Prezados,

após a minha estadia, questiono a "qualidade de hotel 5 estrelas" provida pelo Ouro Minas Palace Hotel. O ambiente merece esse título, mas o serviço de hospedagem provido, não. Eis a estória da nossa estadia.

Cerca de uma semana antes do nosso primeiro aniversário de casamento, minha esposa ligou para o hotel e solicitou a reserva de uma suíte para a comemoração. Após a escolha do tipo de suíte, e de termos sido informados sobre os componentes do "pacote de núpcias" (inclusive as famigeradas pétalas de rosas) o atendente nos informou de que tínhamos duas opções: (i) faríamos o pagamento adiantado, e, quando chegássemos, o quarto estaria arrumado; e (ii) poderíamos fazer o pagamento ao fim da estadia, mas, ao darmos entrada no hotel, esperaríamos cerca de trinta minutos pela arrumação do quarto. Minha esposa perguntou se seria possível que não se incluísse a decoração de pétalas de rosa no quarto, e foi informada que sim.

Optamos pela primeira, e, ao receber o termo de autorização de débito, o preenchi e enviei por fax para o número indicado. No email que recebi com esse termo, o nome de minha esposa estava escrito incorretamente, apesar de ela o ter soletrado para a atendente durante a reserva.

No dia da hospedagem, por volta de uma hora antes de chegarmos ao hotel, minha esposa ligou novamente para a recepção, avisando da nossa chegada. O atendente então a informou de que iniciaria a arrumação do quarto, e minha esposa solicitou novamente que não se incluísse a decoração de pétalas de rosa no quarto.

Ao chegarmos ao hotel, por volta das três horas da tarde de sábado, fomos recebidos e recebemos as chaves da suíte 1836. Ao entrarmos no quarto, percebemos a belíssima decoração de pétalas de rosa com que o quarto foi arrumado, e também um cheiro um pouco forte que não conseguimos identificar.

Na noite de sábado, ao sairmos para um jantar, solicitamos na recepção que se retirassem as pétalas de rosa do banheiro. Esse pedido foi recebido com um sorriso e palavras cordiais, mas não foi ouvido muito bem. Ao voltarmos, a belíssima decoração estava refeita, exatamente como a tínhamos visto (e admirado) pela primeira vez. Após um banho e uma agradável varrida de pétalas de rosa para o canto do banheiro, fomos dormir.

No domingo, recebemos um ótimo café da manhã no quarto, e, por volta das 11 da manhã, fomos à piscina. Em seguida, ao voltarmos para o quarto, solicitamos um almoço do que, confesso, achamos ser um cardápio com poucas opções. Pedimos uma sopa italiana e um prato de filé ao molho madeira. Pouco tempo depois, ao recebermos no quarto a refeição, notamos que fomos servidos com dois conjuntos de talheres incompletos: tínhamos duas colheres e duas facas, mas nenhum garfo. Liguei então para o serviço de quarto e pedi por dois garfos.

Achei curioso quando, cinco minutos depois, um atendente muito simpático bateu à porta sorrindo: "Era um garfo, certo?".

Ao arrumarmos as malas, finalmente descobrimos a fonte do cheiro forte: a saída do ar condicionado, que fica no fim do corredor de entrada da suíte, tinha uma goteira, que molhava o carpete constantemente. Pelo menos disfarçava o agradabilíssimo cheiro das pétalas de rosa.

Embora eu tenha certeza de ser um completo azarado e de que vosso serviço, na média, deve ser muito melhor do que pude observar, gosto muito de anedotas, e essa estória é um tanto divertida. Não esperais que meus amigos ouçam elogios ao vosso serviço. Agradeço imenso, mas dispenso o voucher que me foi oferecido como pedido de desculpas.

Grato pela atenção,
Eduardo Cordeiro


E a carta original que recebi do pessoal do hotel:

2008/6/9 Bel Dias - Concierge do Ouro Minas Palace Hotel <...>:

Belo Horizonte, 09 de Junho de 2008.


Prezado Sr. Eduardo Cordeiro,



É com prazer que recebemos o senhor e sua esposa em nosso hotel na ocasião da comemoração do primeiro ano de casados!


Tomamos conhecimento de seus comentários acerca de algumas falhas ocasionadas durante sua estada conosco, principalmente no que se refere ao seu descontentamento sobre as pétalas de rosas no apartamento. Sobre esta questão não pudemos aferir, infelizmente, o que de fato ocorreu, pois, após as verificações realizadas, não identificamos a pessoa que pudesse ter atendido sua solicitação ou ter recebido a informação para registro em sua reserva. De qualquer forma, apresentamos nosso pedido encarecido de desculpas por este mal entendido e também pelas outras falhas apontadas pelo senhor. Ressaltamos que estamos empenhados na revisão dos nossos procedimentos e qualificação da equipe. Nosso objetivo será sempre o de atender as expectativas de nossos hóspedes.

Na qualidade de hotel 5 estrelas é esperado que todos os itens e serviços atendam os anseios de nossos hóspedes. Esperamos que aceite nosso pedido de retratação e que possa voltar ao nosso hotel a fim de apreciar as nossas melhorias.


Reiteramos nossos sinceros agradecimentos e desejamos contar, novamente, com sua valiosa apreciação sobre nossas providências.

Cordialmente,

Bel Dias
Concierge
Ouro Minas Palace Hotel