quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Você precisa vir aqui, sua faxineira está presa do lado de fora da janela"

Trabalhando hoje recebi uma ligação de um número que não conhecia. Quando atendi, era o síndico, que dizia:

"Você precisa vir aqui no seu apartamento, aconteceu uma coisa muito grave. A faxineira está presa do lado de fora da janela."

Expliquei pra ele que ia demorar pelo menos meia hora pra chegar em casa e falei pra ele arrombar a porta, corri pra rua e peguei um táxi. Quarenta minutos depois chego em casa, e ela está vazia. "Ou ela caiu e foi pro hospital, ou tá na casa do síndico". Desci até o apartamento do síndico e ela estava mesmo lá, devidamente abastecida de água com açúcar e café - aparentemente os efeitos não se anulam.

As janelas do apartamento correm lateralmente e ela disse que se enfiou pro lado de fora pra limpar o canto, e quando passava o pano molhado acabou empurrando de volta a parte corrediça, que chegou ao trinco e se fechou. Ela começou a gritar e os vizinhos de fundo acabaram chamando os bombeiros, que a resgataram com uma escada; o síndico não teve colhões pra arrombar a porta. A primeira instrução que os bombeiros deram a ela foi "não pula!", que eu achei bastante sensata, mas desnecessária.

Uma vez eu tinha visto em frente ao trabalho uma mulher no último andar de um prédio alto de pé do lado de fora da janela com um rodo em mãos, limpando a janela, e pensei "nossa, como é que a obrigam a fazer isso?". Não consigo decidir se eu fico mais espantado com alguém tê-la pedido (mandado?) fazer isso ou com o fato de ela ter aceitado.

Mas pra Val eu tenho certeza de que nós não pedimos isso. Pedimos, sim, que ela limpasse as janelas, mas eu achava que "tente não se matar no processo" era uma recomendação tão óbvia quanto o "não pula!" do bombeiro, e que não precisava ser feita.