domingo, 16 de agosto de 2009

A tranquilidade está logo ali

Torsten uma vez comentou sobre como dá pra encontrar silêncio e tranquilidade bem perto de Belo Horizonte. Tays e eu fomos um pouco mais longe, no fim de uma das trilhas mais longas do Parque Nacional da Serra do Cipó, mas também encontramos.

Andar pelo mato com a esposa tem tudo pra dar errado: dois semi-sedentários seguindo uma trilha longa sem muita indicação, se irritando um com o outro, correndo o risco de se perder, sem saber muito bem o que se vai encontrar no fim da trilha, se a água vai dar, quantos riachos é necessário atravessar. E nós nos irritamos bastante no caminho de ida.

O Cânion dos Bandeirinhas fica a 12km da entrada do parque, e a trilha é mais difícil do que as outras que já tínhamos feito por lá. Por ser tão longe, decidimos fazer o caminho de bicicleta. Fomos em um dia de semana, e o parque estava bem vazio. Gastamos mais de duas horas pedalando na ida, com algumas interrupções pra beber água, tirar fotos, carregar bicicletas através de riachos.

Encontramos apenas mais um ciclista, que estava indo pra outro lugar no parque, e um casal a cavalo. O sujeito queria fazer um filme cavalgando sem camisa, provavelmente pra postar no orkut, e a moça, que não tinha muito controle do cavalo, deixou cair a câmera. Depois de entregar a ela a câmera, ficamos um tempinho procurando pela bateria até ouvir um sonoro "sua burra, por que não colocou a cordinha no braço?" e irmos embora, deixando votos de boa sorte.

No caminho se atravessa um punhado de riachos, e há vários trechos de areia fofa em que é preciso carregar a bicicleta. A rotina pedala-dez-metros-desce-carrega-a-bicicleta-20-enfia-o-pé-no-riacho sem se saber direito a distância do destino e o tempo que gastaríamos pra chegar lá foi desgastando o nosso humor, mas ainda conseguimos nos manter civilizados. Não me lembro de ter chamado a Tays nomes, apesar de ela ser bastante incompetente em manter os pés secos enquanto atravessa riachos.

Chegar ao cânion fez parar toda a nossa irritação e as discussões bestas, porque o ambiente é esse:

Sentado/bebendo água/pensando na vida/servindo de belisquete pros peixinhos

A volta foi mais curta, em parte porque já estávamos confiantes do caminho, em parte porque era descida, e em parte porque a hora que passamos nesse lugar me deu uma tranquilidade que eu não sentia há muito tempo - já estou de férias há duas semanas, e foi só lá que eu finalmente esqueci do trabalho, relaxei e curti só a sensação de estar lá, sem preocupação nenhuma. Eu sou bem cético, mas tenho certeza de que a Serra do Cipó é mágica.


Mais fotos aqui. E se você for fazer uma trilha longa, por mais longa que seja, não vá de bicicleta.