De Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, viajei com um grupo de adolescentes que aparentemente faziam parte de um programa de intercâmbio. Na hora eles incomodaram bastante, mas o resto da viagem foi tão longo que na primeira passada que dei neste parágrafo, tinha me esquecido completamente deles. Bom, pra não deixar de criticar companhias aéreas, o itinerário que recebi da empresa dizia que no vôo seria servido café da manhã ou brunch, e foi servido um pacote de 50g de amendoim, que não consegui terminar de comer porque precisavam iniciar os preparativos pro pouso - não sei porque insistem em servir comida em vôos tão curtos.
Esperando no Rio de Janeiro, fui ao posto da alfândega declarar minha câmera fotográfica, almocei e fiquei brincando na Internet enquanto esperava a chamada pelo embarque. Menino que sou, fiquei super empolgado ao ver que voaria pela primeira vez em um Boeing 747-400. Até me sentar e tentar esticar as pernas. Achei a Air France impressionante. Pontual, com um serviço muito bom, comissários muito simpáticos e prestativos, comida muito boa - de verdade.
O aeroporto Charles de Gaulle é uma recepção muito acolhedora em Paris. O aeroporto é muito bonito, bastante colorido e alegre. Vi várias lebres na grama enquanto o avião manobrava, e não esperava nada por isso - a surpresa foi boa. Ou eu estava empolgado o suficiente pra imaginar tudo isso.
Sentando no avião pra última perna da viagem, a sensação de "ainda faltam dez horas de viagem" era horrível. Esse avião era mais espaçoso e tinha uma tela para cada passageiro. O vôo durou um dia inteiro, se o fuso-horário for considerado (ou desconsiderado, dependendo do que você considera ser a consideração de um fuso-horário; explicar passeios entre fuso-horários é muito complexo). Saímos de Paris de manhã e chegamos no fim da noite a Bangalore. O problema é que, depois de 25 horas de viagem, não importa se você ainda tem 400 páginas de um livro super legal pra ler, ou 5 filmes pra assistir, ou 3 CDs novinhos em folha pra ouvir. Depois de 25 horas de viagem, você só consegue ficar contando o tempo. A comida, de novo, foi muito boa - o cardápio dava a escolha de uma refeição francesa ou indiana. Escolhi a francesa e não me arrependi, mas recebi o cheirinho de curry do passageiro do lado de bom grado.
Antes da viagem, pesquisando um pouco sobre Bangalore, tinha descoberto que o aeroporto onde pousaria é bastante recente. Não tinha descoberto que ele fica bem longe da cidade. A minha mala demorou bastante pra aparecer na esteira. Os oficiais da imigração só querem que você passe logo. Os da alfândega só querem pegar o papelzinho.
Saímos da área de desembarque conversando:
- É só encontrar o taxista com uma plaquinha com nosso nome.
- Ok.
Precisamos dar uma caminhada e meia em uma fila de 10 metros de taxistas segurando plaquinhas com nomes pra encontrar o nosso. Táxi é um meio de transporte bem comum na Índia, tão comum que empresas pagam taxistas para levarem seus funcionários diariamente no trajeto de casa para o trabalho e de volta. Só depois que sentei no carro é que me dei conta de que aqui se dirige "do lado errado da rua". No caminho já deu pra ter uma idéia de que a buzina é o instrumento mais importante de um carro aqui. Chegou na esquina? Vai trocar de faixa? Ultrapassar? Buzina!