segunda-feira, 20 de julho de 2009

Heptassaltado!

Hoje foi meu sétimo assalto. Eu achava que já tinha crescido dessa fase. E aí comecei a pensar em porque achava isso, e cheguei à conclusão de que eu achava que, quando assaltado, a culpa era minha; eu estava distraído, em lugar perigoso, dando bobeira. Não sem muita surpresa me lembrei que há algum tempo uma colega do trabalho, natural de outra cidade, foi assaltada há um tempo e minha - silenciosa - reação foi "culpa dela, estava distraída, em lugar perigoso, dando bobeira".

Mas culpa minha? Eu faço o caminho do trabalho pra academia , em um dos bairros mais movimentados, centrais, e conhecidos da cidade, pelo menos duas vezes por semana há mais de um ano. Era pouco depois das sete da noite, numa rua bem movimentada, e eu tinha acabado de guardar o telefone (que não me pertence, pertence à empresa em que trabalho) no bolso e atravessei uma faixa de pedestres. Vi cinco homens, alguns de vinte e poucos anos, outros mais novos, vindo em minha direção. Três passaram direto, e aí os outros dois me pediram as horas. Eu disse que estava sem relógio, e eles me cercaram e mandaram tirar o celular do bolso.

E não adianta dizer que "não pode reagir". Mas que diabo, vão me levar a carteira? O telefone que nem é meu? Tentei passar entre os dois e um me imobilizou os braços e pescoço, enquanto o outro, mais novo, tentava puxar carteira e telefone dos meus bolsos. Uns chutes desengonçados pra cá, sacodidas pra lá, muitos gritos esganiçados, e acho que consegui chamar atenção dos carros que passavam, até que começaram a buzinar e um deles parou. Os assaltantes foram embora e eu, indignado, tomei meu rumo. O moço que parou o carro foi bastante atencioso, me ofereceu carona até o posto da polícia ou até o meu destino.

Depois da escalada eu vi que estava neurótico de novo quando ia pro carro - que minha esposa havia estacionado em frente à academia -, como eu era há algum tempo. Eu tinha me acostumado de novo a me sentir tranquilo na cidade, e agora a preocupação voltou. A reação defensiva é de "preciso prestar mais atenção na rua", ou "não posso passar por ali à noite". Mas ali é meu caminho! Vou precisar atravessar a rua quando vir um grupo de pessoas vindo na direção contrária? Ou mudar meus hábitos pra não andar mais à pé, fazer a Tays passar de carro no trabalho pra me pegar? Acho que não vou fazer nada disso...e rumo ao octa!

3 comentários:

Debora disse...

7? Depois dizem que o Rio é violento :P
Por isso que mesmo morando a 10 minutos a pé eu vou e volto de carro. Durante as aulas é até tranquilo voltar pra casa à noite porque tem várias faculdades no caminho. Nas férias dá muito medo, não tem ninguém na rua, só pessoas com cara de suspeitas...

Você deu sorte que eles não estavam armados, o que não foi o meu caso.

Artur Souza disse...

Putz. A violência não é um problema estadual e sim nacional. E ainda vamos viver assim por várias gerações.

Beatriz C. disse...

Por isso que eu não saio de casa =P